26.8.14

Cyberempreendedores

A nova era digital não está apenas modificando a rotina da maioria das profissões existentes no mundo, mas também abrindo caminhos para novos modelos de negócio. 

Já é quase impensável a uma empresa, a uma escola, a uma ONGs ou mesmo a um profissional liberal ausentar-se da internet, seja em sites ou mídias sociais. Estamos em um tempo já chamado de "era das reputações", em que a presença e a imagem gerada na rede contam muito. Essa realidade não serve apenas às "pessoas jurídicas" (ou, instituições), pois os profissionais que trabalham como funcionários também já se beneficiam das conexões digitais (afinal um currículo no Linked-In ajuda muito na manutenção da empregabilidade, por exemplo).


Mas há um componente que vai além de tudo isso. Chegamos a um novo patamar do empreendedorismo, que pode ser entendido como cyberempreendedorismo ou empreendedorismo digital. Esse modelo abre novas possibilidades de obtenção de renda por meio das novas plataformas de comunicação e conexões. Um exemplo já tradicional desse novo tempo está no e-comerce, ou seja, em endereços na internet que vendem produtos e serviços com quase toda a tramitação realizada online, mas há outras maneiras de se gerar renda na internet sem precisar montar uma estrutura de venda, bastando focar apenas em um conteúdo que gere audiência e deixar o restante para a empresa de mídia que hospeda esse conteúdo. 


Estamos falando do modelo de negócios que se dá nas mídias sociais, onde é possível gerar renda com um um simples clique, ativando essa possibilidade em seus perfis no Youtube ou no seu blog, por exemplo. Ao clicar no "gerar renda", você abre espaço para anúncios serem veiculados em seu perfil pela empresa mantenedora da mídia social, passando a ser remunerado proporcionalmente ao número de cliques que seu conteúdo render. Quanto mais pessoas você agregar entre os espectadores de suas publicações, mais renda poderá obter. Esse novo modelo de negócios ainda é incipiente, mas se mostra muito promissor e com condições de crescer enormemente.

Há exemplos de cyberempreendedores em muitas áreas profissionais. PC Siqueira é um deles. Ele é um vlogger (faz análises, comentários e representações diversas em vídeos no Youtube) e já tem quase 2 milhões de seguidores. A própria história de PC, que ele conta no vídeo abaixo, é interessante: estrábico e alvo de bullying, ele foi um autodidata e chegou a não frequentar escola, até que descobriu nas redes sociais uma forma de se aceitar e ganhar milhares de fãs digitais. Quem quiser segui-lo ou conhecer seu trabalho, bastante bem humorado, basta buscar, no Youtube, pelo canal "Maspoxavida".





Outro exemplo de cyberempreendedores de sucesso é o grupo "Porta dos Fundos", formado por artistas que já têm mais de 8 milhões de adeptos também no Youtube apreciando seus vídeos de humor. O "Porta dos Fundos" é uma versão digital de outros grupos que surgiram em tempos analógicos, mas precisavam ser empregados por emissoras de TV para sobreviver (um exemplo é o Casseta & Planeta, que sobreviveu enquanto a Globo lhe deu emprego). 


Diferente dos grupos anteriores, o "Porta dos Fundos" não precisa de uma emissora de TV, porque o Youtube já faz o papel de uma emissora, com a diferença de ser uma emissora que permite a criação de infinitos perfis pessoais dentro dela, como se fossem canais de TV da era digital gerados e mantidos por qualquer pessoa ou grupo que queira empreendê-los. 

Um dos integrantes, Fabio Porchat, também trabalha na Globo, mas é interessante observar que ele nunca quis assinar um contrato de exclusividade com a TV da família Marinho, pois enquanto as emissoras de TV, pertencentes à velha mídia, desidratam em audiência, a internet cresce apontando para o futuro. Porchat, aliás, protagonizou recentemente um retumbante "não" dado à Globo: ele foi convidado para cobrir férias de Fátima Bernardes em seu programa matinal e disse que não poderia porque tinha outros compromissos, atitude inimaginável antes dos tempos digitais. Também era inimaginável nos tempos analógicos a liberdade que o "Porta dos Fundos" tem para abordar temas polêmicos, já que eles não dependem de um dono de emissora de TV ditando a "linha" que devem seguir. 

Abaixo, um vídeo do grupo em que se faz uma crítica inteligentíssima ao fundamentalismo religioso (e intolerante) na política.




Há cyberempreendedores de todos os tipos e com todas as causas veiculadas em mídias sociais. Um exemplo incrível aconteceu recentemente na Holanda, onde  um jovem de apenas 19 anos apresentou um projeto capaz de limpar os oceanos dos entulhos que o ser humano joga ali, matando espécies e destruindo o ecossistema marinho. Boyan Slat intrigava-se com uma questão: "por que navegar pelos mares tirando lixo com embarcações poluentes se uma simples barreira pode fazer o trabalho, aproveitando o próprio movimento dos oceanos?". Ele se dispôs, então, a criar isso.

A relação de seu projeto com as mídias sociais está na própria viabilidade dele. Slat usou as novas conexões digitais para buscar financiadores de seu sonho. Criou a fundação The Ocean Cleanup, por meio da qual busca arrecadar 2 milhões de dólares necessários para sua empreitada. A boa notícia é que, em pouco tempo usando redes sociais para um financiamento colaborativo de uma grande causa, ele já conseguiu mais de 1/4 do que precisa para seu projeto dar certo.

O jovem holandês já conta com uma equipe de 100 pessoas colocando em prática um projeto que, além de revolucionário, é sustentável: só será necessário o dinheiro para colocar o projeto em prática, porque depois ele se mantém com a verba oriunda da reciclagem do material retirado dos oceanos.

Abaixo, veja um vídeo sobre o projeto de Boyan Slat e sua participação no TED.





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